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INFORMATIVO

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os Chamados e os Escolhidos At 1:15-20

Jesus passou cerca de três anos treinando e capacitando uma liderança para sua igreja, e visando a evangelização de toda terra. Se por um lado Pedro se constitui no grande líder da igreja e do grupo apostólico, por outro lado Judas nos é apresentado como sinal de apostasia e fracasso.
Pedro e Judas são chamados por Cristo para exercer uma mesma missão, testemunhar dos mesmos sinais e prodígios, ouvir dos mesmos ensinamentos, receber o mesmo treinamento, porém, terminam seguindo caminhos completamente opostos. Por que será que depois de algum tempo crentes doutrinados com a mesma verdade e discipulados pelo mesmo pastor assumem comportamentos de esfriamento espiritual e desvio do caminho de Deus? Lucas nos oferece algumas diretrizes do que devemos e do que não devemos fazer na caminhada cristã.

1.     Deus nos chama com uma missão
Quando sabemos que Deus nos chamou com uma missão, focamos os nossos sonhos, projetos e realizações em Cristo; focamos o nosso tempo, os nossos recursos e talentos na missão.

a)     Pedro é um líder que sabe o que quer (v. 15)
É importante observar o senso de urgência de Pedro e a sua capacidade de chamar para si a responsabilidade. Jesus acabou de subir aos céus, e Pedro tem a iniciativa de se levantar com determinação e coragem. Levantou-se sem se omitir, sem negligenciar e sem medo de errar.  O Senhor Jesus havia dado orientações aos seus discípulos para permanecer em Jerusalém a espera do Espírito Santo que haveria de ser derramado. Tratava-se de um momento decisivo e desafiador que exigia posicionamentos claros e coerentes. Alguém precisava conduzir os 120 à oração e a escolha do substituto de Judas. Pedro então se levanta para fazer a diferença, exercendo uma liderança oportuna e produtiva.
A mesma coisa acontece no dia de Pentecoste.  Logo após a descida do Espírito os discípulos são acusados de embriaguez. “Então, se levantou Pedro” (At 2:14), e argumentou mostrando que a tese dos seus acusadores estava equivocada. Com Pedro aprendemos a fazer a diferença com posicionamentos claros e firmes que revelam responsabilidade, determinação e compromisso.

b)    Pedro é um líder que sabe o que dizer (v. 16,20)
Um líder não tem opinião pessoal quando trata das coisas concernentes a Deus. Ele antes de tudo procura se fundamentar nas Escrituras. Quando Pedro se levanta antes (1.15-20) e depois do derramamento do Espírito (2.14-21), ele se levanta para falar segundo as Escrituras. A autoridade e legitimidade de uma liderança dependem do grau de importância que ela atribui a Palavra de Deus. A resposta de Pedro aos problemas, aos pecados e equívocos humanos é extraída da Palavra. Fundamentado e apoiado nas Escrituras, ele fala com autoridade, revelando sabedoria do Espírito.
Pedro é alguém que crê na autoridade e inspiração das Escrituras (II Pe 1.21), reconhecendo que a Bíblia é nossa regra de fé e prática. Ele não tenta inventar, nem tampouco pronunciar palavras que agrade a homens. Seu único compromisso é pregar a verdade libertadora e alcançar os homens das trevas do pecado para o reino de luz do nosso Senhor.

2.     Nem todos os chamados são escolhidos (vs. 17-20, 25).
Foi o próprio Jesus quem disse que muitos são chamados e poucos são escolhidos. Muito embora nosso Senhor soubesse que Judas não era um escolhido, ainda assim decidiu chamá-lo para compor o ministério apostólico. Ainda que não possamos entender os propósitos soberanos do Senhor de modo racional, é fato, que por meio da fé podemos extrair grandes lições para nossas vidas. Ao chamar e permitir que Judas fizesse parte dos doze, o Senhor nos faz grandes alertas quanto a nossa condição espiritual que merece uma boa reflexão.

a)     Judas havia sido chamado para ser um guia de Deus e terminou guiando pessoas contra Cristo (v.16).
Lucas nos diz que Judas foi guia daqueles que prenderam Jesus (v. 16). Observe que os malfeitores que prenderam, açoitaram e crucificaram Jesus foram guiados por Judas. Nele se cumpre as palavras do Senhor Jesus de que “quem comigo não ajunta espalha, e quem não é por mim é contra mim”. Judas havia sido chamado com a gloriosa missão de conduzir os pecadores à salvação, mas depois que o diabo entrou no seu coração (Jo 13.27), sua missão deixa de ser uma missão de vida e passa a ser uma missão de morte e traição (Jo 6.70-71).

b)    Judas era um cristão nominal e um falso líder (v.17).
Judas é o tipo do crente que faz parte da membresia da igreja, faz carreira como líder, chegando inclusive a se tornar pastor, mas que não passa de um engodo: “Era contado entre nós e teve parte neste ministério” (v. 17). O problema de Judas é o problema de muitos crentes, líderes e até mesmo pastores que nunca nasceram de novo. Quem nunca teve sua natureza transformada, por algum tempo poderá causar impressão pelo carisma e por sua condição de hipocrisia e habilidade camaleônica, mas o tempo dirá que ele é “filho da perdição” (Jo 17.12). O alerta que fica, é que não podemos nos contentar em sermos contados como membros de uma igreja ou de fazermos parte de um ministério. É preciso nascer de novo e ser cheio do Espírito Santo (Jo 3.5; Ef 5.18).

c)     Judas e os seus projetos terminaram em maldição (vs. 18-19).
Judas era um homem avarento que por causa da ganância do dinheiro aceitou negociar Cristo por 30 moedas, o que correspondia a 120 denários ou 120 dias de trabalho. Possivelmente ele almejava recomeçar sua vida secular com aquele dinheiro. Pelos próximos quatro meses ele nem precisaria trabalhar, porém, ele se suicidou com o remorso e a culpa de ter traído um inocente e justo. Com as 30 moedas os sacerdotes compraram um campo que foi denominado de campo de sangue. Aquele campo era maldito como maldito é tudo aquilo que se adquire “com o preço de iniquidade” (v. 18). Nós deveríamos entender que todo projeto sem Deus é de alguma maneira contra Deus e termina em maldição. Nós jamais deveríamos pensar que Deus abençoa aquilo que não glorifica o Seu Nome (Tg 4.13-17).

d)    Judas é alguém penalizado por Deus por não valorizar os seus talentos e oportunidades (v.20).
Assim como na parábola dos talentos em que o Senhor ordena que o talento seja retirado do servo inútil, uma vez que o mesmo foi negligente, enterrando o dom que lhe foi confiado (Mt 25.26-30), assim também se dá com Judas. Lucas nos lembra, conforme a profecia bíblica (Sl 69.25; 109. 8) que Judas além de ter sua morada deserta, o seu encargo seria dado a outro (v. 20). É com base na profecia revelada nos salmos que Pedro defende que outro seja escolhido para ocupar o posto de Judas. Quando honramos a Deus com os nossos dons e talentos o Senhor nos acrescenta outros dons, caso contrário “até o que temos nos será tirado” (Mt 25.29).

e)     Judas é alguém que ao se desviar do caminho de Deus, está apenas retornando ao “seu próprio lugar” (v.25)
“Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar” (v. 25). Observe o que Lucas está dizendo. Ao deixar o Senhor e retornar para a prática do pecado, Judas seguiu para seu próprio lugar. Que lugar é esse? Qual era o lugar de Judas? Esse lugar era o inferno, o caminho da perdição, a sentença de todos quantos morrem sem Cristo. Como Judas, irão para o inferno todos que pertencem ao inferno. Pertencem ao inferno porque amam mais as trevas do que à Luz.

Conclusão:
Temos dois modelos aqui, o de Judas e o de Pedro. O de Pedro agrada e glorifica a Deus; edifica e abençoa a igreja. Temos também o de Judas que promove a maldição, a morte e a condenação eterna. A nós só resta o modelo de Pedro que não apenas viveu, mais morreu por causa de Cristo e da sua igreja.

Pr. Aurivan Marinho